Diferentemente do que se pensa, o fascismo em suas origens não era racista.
Inicialmente, dentro do regime fascista, judeus e outras etnias presentes na Itália e nos limites do império eram respeitados pelo Estado italiano (com as limitações sociais da época), sendo que judeus tiveram importante influência dentro do fascismo e contribuíram para o seu desenvolvimento.
Entre essas contribuições, como exemplo, destacam-se os judeus que participaram da Marcha sobre Roma e da Primeira Guerra Civil Italiana (1919-1922), como Cesare Goldman, Bruno Mondolfo, Duilio Sinigaglia e Gino Bolaffi, que foram considerados "mártires fascistas-israelitas".
Outros exemplos incluem o banqueiro judeu Ettore Ovazza, o sindicalista revolucionário Angelo Oliviero Olivetti, o notório artista futurista Xanti Schawinsky (SI SI SI SI SI), o aviador fascista Aldo Finzi e o ministro do Exterior italiano Fulvio Suvich.
Nessa fase inicial do fascismo, Mussolini dava entrevistas contra a ideia de raça, debochava das ideias racialistas de seu futuro aliado e tentava construir um mito de romanidade multiétnica na Itália.
O colonialismo italiano, não muito diferente dos outros colonialismos europeus, era igualmente cruel e racista por essência, mas há algumas observações que devem ser feitas.
Mussolini tentou criar uma mística por trás da guerra para justificar a conquista e a anexação da Etiópia (com o apoio de forças internas descontentes com Haile Selassie, como Abba Jofir).
Ele procurava se projetar como libertador ou mesmo defensor do Islã.
O interessante nessa ocupação da Etiópia e da Líbia é que o governo fascista tentava incluir os povos desses países em seu projeto ideológico, o que explica as várias fotos de camisas-negras etíopes e líbios.
Já na administração econômica fascista, algumas cidades africanas registraram o único pico de industrialização de toda a sua história
A política cultural fascista na África era igualmente "amistosa", com propaganda e canções voltadas à África que, de certa forma, incentivavam a miscigenação.
Nessa época, o projeto italiano era de império. Mussolini afirmava em 1935:
"Nós, fascistas, reconhecemos a existência de raças, suas diferenças e sua hierarquia. Mas isso não significa que nos apresentamos ao mundo como a encarnação da Raça Branca em uma guerra contra outras raças."
Essa afirmação está longe do projeto racista que ele tentaria aplicar futuramente e reflete apenas um preconceito comum entre os europeus da época.
Com a anexação da Etiópia e o crescente isolamento da Itália, Mussolini se volta para a Alemanha em 1936 e passa a ser influenciado por Hitler, até que, em 1938, lança o Manifesto da Raça, precursor das leis raciais
Dali em diante, Mussolini entra numa espécie de esquizofrenia, tentando copiar tudo o que seu aliado alemão fazia — prova empírica da síndrome de inferioridade que o atingia. O projeto de império, que outrora dominava a mentalidade italiana, foi substituído por um projeto assimilacionista do povo africano, além da promulgação de leis que proibiam a miscigenação em todo o império.
Apesar desses entraves, tais leis raciais eram, em parte, pura abstração. Mesmo após sua promulgação, vários judeus permaneceram na Itália, e o número de afro-italianos continuava a crescer nas colônias.
Já no início da guerra, muitos judeus fugiam das áreas ocupadas pelos alemães em direção à Itália, o que gerava protestos por parte dos alemães. Com o decorrer da guerra, a Itália tornou-se refúgio para judeus de outras regiões, até ser ocupada pela Alemanha em 1943. Dali até o fim da guerra, pouca coisa mudou.
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