Odin, como deus da "primeira casta" (dos reis-sacerdotes, reis-magos, chefes-xamãs, etc.), rege o intelecto e, surpresa surpreendente, é chamado de "deus-corvo". Odin é associado pela disciplina da Religião Comparada a Hermes, o "mensageiro dos Deuses", função que possui importância iniciátiva, e é Odin quem ensina os segredos das runas.
Um poema escáldico chamado Hrafnsmal (A Canção do Corvo), é a representação de um diálogo entre uma valquíria e um corvo sobre os feitos heróicos de Haroldo I Cabelo Belo, poderia parecer trivial, mera puxação de saco de algum poeta, se não soubéssemos o que são esses personagens.
A figura da valquíria tem sido comparada à figura da fravashi persa. As fravashis são espíritos femininos alados que servem Ahura Mazda, e estão associados a grandes guerreiros. Talvez seja ainda mais fácil apreender a ideia aqui, se lembrarmos que Evola diz que a valquíria/fravashi é o daemon do herói. A valquíria guia o espírito do herói para o Valhalla, e há fortes indícios de que tanto as valquírias como as fravashis possuem alguma ligação com clãs específicos, como os lares romanos.
Nesse sentido, o Hrafnsmal é um diálogo entre o daemon de Haroldo com o seu intelecto (ou alma, considerando as interpretações xamânicas do simbolismo do corvo), onde o daemon (a valquíria) pergunta ao intelecto/alma (que, diz o poema, o acompanhou até a morte e comeu a carne dos cadáveres dos campos de batalha pelos quais ele passou) sobre as virtudes de Haroldo (segundo os valores escandinavos), se ele foi corajoso, se ele foi generoso, se ele foi hospitaleiro, etc. Altamente iniciático.
Mais recentemente, foi registrado entre os dinamarqueses a crença nos valravns. Os valravns seriam o resultado de quando um corvo se alimenta da carne de um herói, chefe ou rei morto em batalha, mas nunca enterrado. Esses valravns, então, adquiriam grandes conhecimentos mundanos e misteriosos, poderes de metamorfose e empreendiam atos de malícia, etc. Obviamente, esse folclore está falando de xamãs ligados a Odin, já que quase ninguém lembra que Odin também é um "Trickster" (há teses de que Loki é Odin, ou que pelo menos Loki é a "sombra" de Odin, e por aí vai).
1500 anos depois, cientistas descobrem que "corvos são inteligentes", e inclusive que "pensam sobre o pensamento", teorizam, etc. Que atraso. Bem, pelo menos, por outro lado, isso mostra que a ciência e o mito se complementam, e não passam de duas linguagens diferentes que podem ser usadas para descrever o Mundo. A ciência faria bem e experimentaria grandes saltos se prestasse uma atenção maior ao lugar de seu nascimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.