segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Racismo - Alain de Benoist

 


O racismo não pode ser definido como a preferência pela endogamia, que é algo que procede da livre eleição dos indivíduos e dos povos (o povo judeu, por exemplo, deve sua sobrevivência ao rechaço ao casamento misto). Diante da inflação de discursos simplificadores, propagandísticos e moralizantes, é necessário voltar ao verdadeiro sentido das palavras: o racismo é uma teoria que postula ou que entre as raças existem desigualdades qualitativas tais que poderia se distinguir entre raças globalmente "superiores" e raças globalmente "inferiores", ou que o valor de um indivíduo se deduz inteiramente de seu pertencimento a uma raça, ou que o fato racial constitui o fator central que explica a história humana. Estes três postulados podem ser defendidos conjuntamente ou em separado. Todos os três são falsos. Se de fato as raças existem e divergem no que diz respeito a este ou aquele critério estatisticamente, não há entre elas diferenças qualitativas absolutas. E não há, por outro lado, nenhum paradigma no que diz respeito à espécie humana que permita hierarquizá-las globalmente. Finalmente, é claro que o valor de um indivíduo reside antes de tudo em suas próprias qualidades. O racismo não é uma enfermidade do espírito, engendrada pelo preconceito ou pela superstição "pré-moderna" (fábula liberal que remete à irracionalidade a fonte de todo mal social). Ele é uma doutrina errônea, historicamente datada, cuja origem está no positivismo científico, segundo o qual é possível medir "cientificamente" o valor absoluto das sociedades humanas, e no evolucionismo social, que tende a descrever a história da humanidade como uma história unitária dividida em diversos "estágios", cada um dos quais corresponde às diferentes etapas do "progresso" (e onde determinados povos seriam, provisória ou definitivamente, mais "avançados" que outros).

Frente ao racismo, existe um anti-racismo universalista e um anti-racismo diferencialista. O primeiro conduz indiretamente aos mesmos resultados que o racismo que denuncia. Ao ser tão alérgico quanto este às diferenças, o anti-racismo universalista não reconhece nos povos mais do que seu comum pertencimento à espécie, e tende a considerar suas identidades específicas como transitórias ou secundárias. Ao reduzir o Outro ao Mesmo, em uma perspectiva estritamente assimilacionista, resulta incapaz, por definição, reconhecer e respeitar a alteridade por aquilo que ela é. Pelo contrário, o anti-racismo diferencialista, no qual se reconhece a Nova Direita, considera que a irredutível pluralidade da espécie humana constitui sua riqueza. Ela se esforça por outorgar um sentido positivo ao universal, não contra a diferença, mas a partir dela. Para a Nova Direita, a luta contra o racismo não passa pela negação das raças nem pela vontade de fundi-las em um conjunto indiferenciado, mas pelo duplo rechaço da exclusão e da assimilação. Nem apartheid, nem melting-pot: aceitação do outro enquanto outro, em uma perspectiva dialógica de mútuo enriquecimento.

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