terça-feira, 10 de janeiro de 2023

O Pai do Nacionalismo no Brasil

 

O pai do nacionalismo no Brasil foi Floriano Peixoto. Alguns sujeitos mais céticos perguntarão: por quê?

Respondo: Porque ele foi a inspiração inicial de todos os movimentos posteriores a ele e o que mais deixou um legado concreto que influenciou toda a história do país posteriormente, diferentemente de outras figuras anteriores a ele.

Getúlio Vargas, Plínio Salgado, Carlos Prestes — sim, ele era nacionalista — foram todos influenciados por Floriano em menor ou maior grau.

Floriano Peixoto criou o sentimento inicial nas massas da classe média e baixa de se mobilizarem politicamente em prol do país, algo inédito então na história do Brasil, mesmo que figuras nacionalistas ou patriotas tenham outrora existido.

Seu jacobinismo criou o germe do tenentismo, alimentado pelos positivistas e pelas escolas militares que não se sentiam representadas pela 'República Paulista'.

E foram justamente seus feitos heroicos que despertaram a admiração do trio que iria tumultuar os anos de 1930: Vargas, Plínio Salgado e Carlos Prestes.

Vargas cresceu em uma família castilhista que tinha quadros enormes do marechal em sua casa e cultivava os valores da guerra, com o próprio pai de Vargas tendo lutado pelos "Pica-paus"[1]. Já na escola militar, Vargas brigava pelos seus amigos para comemorar o aniversário do caudilho[2]. E, no ápice da revolução de 30, seu pai cita o marechal em carta, mostrando que Vargas não tinha se esquecido de seu ideal de governo. Já no seu governo, levantou estátuas, nomeou ruas e fez homenagens nas escolas militares e no D.I.P. para ele.[3]

Plínio Salgado tinha um pai que admirava o marechal e o sentimento que ele exalava, semeando o nacionalismo no seio do filho ainda jovem, que, mais velho, citava o alagoano em seus discursos: «A lição de Floriano Peixoto está viva e presente no coração dos integralistas [...] e ensinou aos brasileiros, pela voz do Marechal de Ferro, o segredo da honra dos povos e do prestígio das nacionalidades.” Tamanha inspiração e referência influenciaram o pensamento de Salgado, que chegou a sugerir, em seus escritos, a realização de atos de extremada violência, como os praticados pelo Marechal de Ferro, nas ações presidenciais do fim do século XIX: ‘A bala!’ Essas palavras de Floriano Peixoto nos ensinaram que os brasileiros, na defesa de sua honra, não devem temer e, muito menos, colocar os interesses de outras nações acima dos de sua Pátria. A lição de Floriano Peixoto é digna de ser imitada por todos nós. Sempre que alguém pretender ameaçar os brasileiros, nosso dever é repetir as palavras de Floriano, dizendo: 'receberemos à bala os invasores!'[4]

Já Carlos Prestes chamou Floriano e seus jacobinos de: «O grande movimento popular nacional»[5], além de atribuir ao marechal uma notória influência no movimento tenentista, chamando o movimento de 1922 de: "Os tenentes de Floriano".

Não irei me aprofundar aqui sobre as influências de Floriano após os '3 notáveis' da década de 30, mas podemos citar brevemente um personagem emblemático dos anos 50, o Marechal Lott, que o homenageou em seu aniversário: "Seduções, intrigas, entusiasmos frenéticos de amigos e partidários de nada valeram para desviar o ínclito chefe do ideal republicano e democrático. Era homem da legalidade. Julgaria trair o seu passado se usurpasse o direito inalienável previsto pela Constituição. É bem verdade que poderia reformá-la para justificar a sua continuidade no poder, mas, acima de qualquer motivo, estava uma límpida consciência de soldado e de cidadão".[6]

[1] Getúlio Vargas, Volume 1, Lira Neto.

[2] «Getúlio desde tenra idade fora "florianista" convicto.Getúlio que fora Sargento no exército, pediu baixa em solidariedade a amigos que foram expulsos por comemorarem a data de aniversário de Floriano mesmo ante uma proibição de um superior Liberal. Seu pai, Manoel Vargas, herói da Guerra do Paraguai, também fora condecorado por Floriano Peixoto, por servir espontaneamente o Batalhão Patriota na Guerra Federalista

contra os Liberais.» Getúlio Vargas, Volume 1, Lira Neto.

[3] "Na hora em que lançamos a pedra fundamental da Escola Militar, sob a recordação do dia em que morreu Floriano, mantenedor da ordem no Brasil e consolidador do regime implantado em 1889, eu vos afirmo evocando sua memória sagrada, que mantidas e preservadas a ordem e a tranquilidade públicas, estaremos, em breve, num largo período de prosperidade.". - Getúlio Vargas. Homenagem de Getúlio a Floriano Peixoto, quando da fundou a Escola Militar em 25 de junho de 1938, data de aniversário de morte de Floriano.

[4] Dos papéis de Plínio Salgado, Pág 31.

[5]https://atlas.fgv.br/verbetes /florianismo

[6] marechal Lott, a opção das esquerdas. Pág, 131

[7] http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/salgado-plinio

Livros recomendados: O Florianismo e a consolidação da República no Brasil; A diplomacia do marechal de ferro e Floriano Peixoto, Por que somos Florianistas?, de Lincoln Penna

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