Os princípios só valem para o espírito que pensa, e quando pensa; fora do espírito que pensa, um princípio reduz-se a nada. Não se pode pensar o fogo, a água, o céu; reconhecêmo-los e nomeamo-los porque existem; e sob a água, o fogo, a terra ou o céu, sob o mercúrio, o enxôfre e o sal, há matérias ainda mais subtis, que o espírito não pode nomear porque não aprendeu a conhecê-las, mas que algo mais subtil do que o espírito, mais profundo que tudo o que nos está na cabeça, pressente, e poderá reconhecer quando aprender a nomear.
Pois, se os princípios valem para o espírito, as coisas valem para as coisas; e não há paragem na subtileza das coisas, como não há obstáculo na subtileza do espírito. No topo das essências fixadas, correspondente às inumeráveis modalidades da matéria, existe aquilo que, na subtileza das essências, na violência do fogo ígneo corresponde aos princípios geradores das coisas, aquilo que o espírito que pensa pode denominar princípios, os quais porém correspondem, em relação à totalidade fervente das coisas, a graus conscientes da Vontade na Energia.
Não existem princípios da matéria subtil ou do enxôfre ou do sal, mas, para além do sal, do mercúrio ou do enxôfre, matérias ainda mais subtis que, no último extremo da vibração orgânica, dão conta da diversidade do espírito através das coisas; e a quem pede lhe sejam apresentadas as coisas, só os números respondem dando conta das suas existências separadas.
Decerto que não sou pelo dualismo Espírito-Matéria; mas entre a tese que dá tudo ao espírito e a que dá tudo à matéria, digo que não há conciliação possível enquanto estivermos num mundo onde o espírito só pode ser alguma coisa quando consente em materializar-se. A matéria só existe pelo espírito, e o espírito só existe na matéria. Mas no fim de contas é o espírito que tem a supremacia.
E a isso de saber-se se há princípios que podem explicar as coisas, parece-me agora fácil responder que não há princípios mas sim coisas; assim como há coisas sólidas, e nos sólidos rareza; e agrupamentos de matéria única que dão a ideia de perfeito – e seres para darem contas do Ser que se desrolha da Unidade.
E tudo isso só é válido para este mundo que incha e adquire aspereza, e para o olho do espírito que lançam no meio das coisas – e quando o lançam. E é demasiado fácil asseverar que, se no espírito não há nada, tudo o que existe é função do espírito. E as coisas são funções do espírito. Têm uma unidade passageira e funcional; válida só para o gerado.
Nada existe senão como função, e todas as funções levam a só uma; – e o fígado que faz a pele amarela, o cérebro que se sifiliza, o intestino que expulsa a porcaria, o olhar que lança fogo e transforma os lugares do fogo limitam-se, para mim, se expiro, ao pesar de viver e à ânsia de acabar.
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