domingo, 10 de setembro de 2023

Populismo Moderno - Alexander Dugin



Ultimamente, os intelectuais europeus discutem um novo conceito político que se torna cada vez mais relevante: o momento populista.

Eles estão preocupados com os schmittianos de esquerda como Chantal Mouffe, por um lado, e, por outro, com o brilhante ideólogo dos conservadores europeus e da “Nova Direita”, a figura mais formidável e influente da Europa intelectual, o filósofo Alain de Benoist. Tanto a direita como a esquerda publicam textos dedicados ao momento populista, cada um oferecendo diferentes interpretações, argumentos e previsões para o futuro.

Qual é o momento populista?

 Em primeiro lugar, é a emergência na política de líderes que se tornam extremamente populares ao apelar às grandes massas sem se preocuparem com a coerência ideológica das suas plataformas e posições. Estes são, em primeiro lugar, Putin e Trump, cujas opiniões são difíceis de qualificar em categorias convencionais de direita, esquerda, etc. , e eles respondem diretamente a essas expectativas, sem se preocupar em expressá-las em algum tipo de sistema. E isso está funcionando cada vez melhor. Seja por acidente ou por falha do sistema, isso está gradualmente se tornando uma tendência. Depois de Trump, esta já é uma realidade global que não pode ser ignorada.

Em segundo lugar, a democracia liberal está numa crise flagrante e completa. Sempre que tenta agir abertamente e insistir directamente nos seus valores ideológicos – direitos humanos, política de género, cosmopolitismo, sociedade aberta, globalização, etc. – os seus representantes fracassam consistentemente. O liberalismo ainda controla muitas esferas, como as finanças globais, os meios de comunicação social corporativos globais, a cultura, a educação e a tecnologia, mas na sociedade já é essencialmente rejeitado. O fim da história não aconteceu e o próprio Fukuyama, como um completo perdedor, está agora a murmurar sobre como os Estados Unidos são, vejam bem, um Estado falhado. O liberalismo está morto. Mas não foram os seus velhos inimigos, o comunismo e o fascismo, que o destruíram, mas algo novo. Populismo. Qualquer populista, seja de direita ou de esquerda, pode agora vencer qualquer liberal.

Em terceiro lugar – e isto já está a tornar-se mais sério – um novo tema, um novo fenómeno está a emergir na vanguarda da política: o povo, ou populus, daí “populismo”. O povo está ausente nas ideologias da modernidade. Não há pessoas no liberalismo cujo tema principal seja o indivíduo. Não há pessoas no comunismo, onde a classe é o mais importante. Nem existe o povo no fascismo, já que a ênfase está no Estado. Tudo isso permanece no século XX. Agora, ao virar da esquina, está a ser mobilizado algo esquecido ou nunca considerado: o Povo. Não se trata simplesmente da soma de indivíduos, classes ou cidadãos com passaportes e autorizações de residência. É algo vivo, orgânico, completo, em constante mudança e que evita definições rígidas. As pessoas vivem mais que as pessoas. Tem diferentes ciclos e diferentes escalas. Confia no mito e é cético em relação à ciência. Mesmo que o povo seja covarde, é admirado por heróis destemidos. Mesmo que seja torto, ama sinceramente a beleza. E agora este Povo está a entrar em contradição activa com o sistema político existente.

O povo não é de esquerda nem de direita. O povo defende ao mesmo tempo a ordem e a liberdade, um Estado poderoso e a justiça social, a força e as férias contínuas. O povo une facilmente os opostos sem sequer perceber. O povo vive de acordo com uma lógica particular que nada tem a ver com as normas da ciência política ou da sociologia modernas. As pessoas nem sempre são o que os outros pensam sobre elas. Não se presta a ser calculado ou contado. Ela procede de uma lógica diferente daquela do Iluminismo e das sociedades da modernidade. Em certo sentido, o povo é muito antigo. É nutrido pelos sucos da eternidade.

O povo como conceito político aparece hoje em oposição ao liberalismo. Os liberais gritam sobre uma ameaça fascista ou comunista-fascista e são incapazes de compreender a essência do momento populista, que interpretam através de velhos clichés. Daí porque eles estão perdendo. Daí porque eles estão condenados.

E, no entanto, tanto a esquerda como a direita são unânimes em pensar que este é apenas um momento, um período de tempo limitado, uma espécie de quantum no movimento histórico. Provavelmente ninguém poderá dizer se o Povo e, consequentemente, o populismo são um sistema, um programa, uma estratégia ou apenas uma correcção temporária no caminho da globalização liberal. Os globalistas tiveram o seu momento no início dos anos 90 – o momento unipolar. Arruinaram tudo o que puderam ao longo de trinta anos, transformando a globalização e o mundo unipolar numa caricatura hedionda. Os reformadores na Rússia dos anos 90 fizeram o mesmo com a democracia. Agora está chegando um momento diferente. O povo está aparecendo no palco da história mundial. Esta é uma oportunidade, um risco, uma responsabilidade e um desafio. Mas é o nosso momento. Não utilizá-lo seria um verdadeiro crime.

Sim, isso mesmo, não aproveitar um momento tão populista seria tolice e até criminoso. Mas existe tal crime que ainda não cometemos? Infelizmente, tudo depende de nossos ombros. No entanto, esta é uma oportunidade maravilhosa e aberta para uma verdadeira alternativa, uma alternativa russa.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Os Heróis - Mircea Eliade

 


Pindaro distinguia três categorias de seres: deuses, heróis, homens (olímpicas), II, 1). Para o historiador das religiões, a categoria dos heróis levanta problemas de grande importância: qual é a origem e a estrutura ontológica dos heróis gregos, e em que medida são eles comparáveis a outros tipos de intermediários entre os deuses e os seres humanos? Seguindo a crença dos antigos, E. Rohde pensava que os heróis «são estreitamente aparentados, por um lado, com os deuses ctónicos, e, por outro, com os homens falecidos. De facto, nada mais são do que os espíritos de homens falecidos, que habitam no interior da terra, vivem eternamente como os deuses, e destes se aproximam pelo poder» (1). Tal como os deuses, os heróis eram honrados com sacrifícios, mas os nomes e os procedimentos dessas duas categorias de ritos eram distintos. Pelo contrário, na sua obra Goetternamen (1896), publicada três anos de- pois de Psyché, H. Usener defendia a origem divina dos heróis: exactamente como os demónios, os heróis provinham de divindades «momentâneas» ou «particulares» (Sondergoetter), isto é, de seres divinos especializados em funções específicas.

Em 1921, L. R. Farnell propós uma teoria de compromisso que ainda goza de certo prestígio. Segundo esse autor, nem todos os heróis possuem a mesma origem; aponta-lhes sete categorias: heróis de origem divina ou ritual, personagens que realmente viveram (guerreiros ou sacerdotes), heróis inventados por poetas ou eruditos etc. Finalmente, num livro rico e profundo, Gli eroi greci (1958), A. Brelich assim descreve a estrutura morfológicas dos heróis: são personagens cuja morte apresenta um destaque particular e que têm estreitas relações com o combate, a agonística, a divinação e a medicina, a iniciação de puberdade e os Mistérios; eles fundam cidades e o seu culto tem um carácter cívico; são os antepassados dos grupos consanguíneos e os representantes prototípicos» de certas actividades humanas fundamentais. Os heróis são, além disso, caracterizados por traços singulares, ou até monstruosos, e por um comportamento excêntrico, que denota a sua natureza sobre-humana.

Em síntese, poderíamos dizer que os heróis gregos compartilham uma modalidade existencial sui generis (sobre-humana, mas não divina) e agem numa época primordial, precisamente aquela que acompanha a cosmogonia e o triun- fo de Zeus (cf. §§ 83-84). A sua actividade desenvolve-se depois do aparecimento dos homens, mas num período dos começos», quando as estruturas não estavam definitivamente fixadas e as normas ainda não tinham sido suficientemente estabelecidas. O seu próprio modo de ser revela o carácter inacabado e contraditório do tempo das corigens».

O nascimento e as turbulências da infância dos heróis distinguem-se do habitual. Eles descendem dos deuses, mas às vezes atribui-se-lhes uma <dupla paternidade» (dessa forma, Héracles é filho de Zeus e de Anfitrião; Teseu, de Posidon e de Egeu), ou têm um nascimento irregular (Egisto, fruto do incesto de Tiestes com a sua própria filha). São abandonados pouco tempo depois do nascimento (Édipo, Perseu, Reso etc.) e são amamentados por animais; passam a juventude viajando por países longinquos, singularizam-se por inúmeras aventuras (sobretudo feitos desportivos e guerreiros), e celebram bodas divinas (entre as mais ilustres, estão as de Peleu e Tétis, Niobe e Anfíon, Jasão e Medeia).

Os heróis caracterizam-se por uma forma específica de criatividade, comparável à dos Heróis civilizadores das sociedades arcaicas. Tal como os an- cestrais míticos australianos, eles modificam a paisagem, são tidos como «autóctones» (.e., os primeiros habitantes de determinadas regiões) e avós das raças, dos povos ou das famílias (os argivos descendem de Argos, os árcades de Arcos etc.). Inventam isto é, «fundam», «revelam> - muitas instituições humanas: as leis da cidade e as regras da vida urbana, a monogamia, a metalurgia, o canto, a escrita, a táctica etc., e são os primeiros a praticar certos ofícios. São por excelência fundadores de cidades, e as personagens históricas que estabele cem colónias tornam-se, depois da morte, heróis. Além disso, os heróis instituem os jogos desportivos e uma das formas características do seu culto é o concurso agonístico. De acordo com uma tradição, os quatro grandes jogos pan-helénicos eram consagrados aos heróis antes de pertencerem a Zeus. (O culto agonistico de Olímpia, por exemplo, era celebrado em honra de Pélope). Isso explica a heroicização dos atletas vitoriosos e célebres (3).

Certos heróis (Aquiles, Teseu etc.) são associados aos ritos de iniciação dos adolescentes, e o culto heróico é frequentemente executado pelos efebos. Muitos episódios da saga de Teseu são, na verdade, provas iniciatórias: o seu mergulho ritual no mar, prova equivalente a uma viagem ao outro mundo, e precisamente no palácio submarino das Nereidas, fadas kourotróphoi por excelência; a penetração de Teseu no labirinto e o seu combate com o monstro (o Minotauro), tema exemplar das iniciações heróicas; e, finalmente, o rapto de Ariana, uma das múltiplas epifanias de Afrodite, no qual Teseu conclui a sua iniciação por meio de uma hierogamia. Segundo H. Jeanmaire, as cerimónias que constituíam as Thésia ou Thesefa seriam provenientes dos rituais arcaicos que, numa época anterior, marcavam o retorno dos adolescentes à cidade, depois da sua permanência iniciatória na savana. Da mesma forma, certos momentos da lenda de Aquiles podem ser interpretados como provas iniciatórias: foi criado pelos Centauros, isto é, foi iniciado na savana por Mestres mascarados ou que se manifestavam sob aspectos animalescos; suportou a passagem pelo fogo e pela água, provas clássicas de iniciação, e chegou inclusive a viver entre as raparigas, vestido como uma delas, seguindo um costume específico de certas iniciações arcaicas de puberdade.

Os heróis são igualmente associados aos Mistérios: Triptólemo tem um santuário, e Eumolpo o seu túmulo, em Eleusis (Pausanias, 1, 38, 6; 1, 38, 2). Além disso, o culto dos heróis é solidário dos oráculos, principalmente dos ritos de incubação que conduzem à cura (Calcas, Anfiarau, Mopsos etc.); alguns he- róis estão portanto relacionados com a medicina (em primeiro lugar Asclépios).

Um traço característico dos heróis é a sua morte. Excepcionalmente, certos heróis são transportados às ilhas dos Bem-Aventurados (como Menelau), à ilha mítica Leuce (Aquiles), ao Olimpo (Ganimedes) ou desaparecem sob a terra (Trofônio, Anfiarau). Mas a enorme maioria é vitimada por uma morte violenta na guerra (como os heróis de que fala Hesíodo, caídos diante de Tebas e Tróia), em combates singulares ou por traição (Agamemnon abatido por Clitemnestra, Laio por Edipo etc.). Muitas vezes, têm morte singularmente dramática: Orfeu e Penteu são despedaçados, Actéon é despedaçado pelos cães, Glauco, Diomedes, Hipólito por cavalos; ou são devorados ou fulminados por Zeus (Asclepios, Salmoneu, Licáon etc.) ou mordidos por uma serpente (Orestes Mopsos etc.).

E, no entanto, é a sua morte que lhes confirma e proclama a condição sobre-humana. Se, por um lado, não são imortais como os deuses, por outro os heróis distinguem-se dos seres humanos pelo facto de continuarem a agir depois da morte. Os despojos dos heróis estão imbuídos de temíveis poderes mágico-religiosos. Os seus túmulos, relíquias, cenotáfios actuam sobre os vivos durante longos séculos. Em determinado sentido, poderíamos dizer que os heróis se aproximam da condição divina graças à sua morte: gozam de uma pós-existência ilimitada, que nem é larvária nem puramente espiritual, mas consiste numa sobrevivência sui generis, uma vez que depende dos restos, traços ou símbolos dos seus corpos.

Com efeito, e contrariamente ao costume geral, os despojos dos heróis são enterrados no interior da cidade; são mesmo admitidos nos santuários (Pélope no templo de Zeus em Olímpia, Neoptolemo no de Apolo, em Delfos). Os seus túmulos e cenotáfios constituem o centro do culto heróico: sacrifícios acompanhados de lamentações rituais, ritos de luto, «coros trágicos». (Os sacrifícios prestados aos heróis eram semelhantes aos efectuados para os deuses ctó- nicos, e distinguem-se dos sacrifícios oferecidos aos Olímpicos. As vítimas eram abatidas com a garganta voltada para o céu no caso dos Olímpicos, e virada para a terra, no caso dos deuses ctónicos e dos heróis; quando se destinava aos Olímpicos, a vítima devia ser branca; se aos heróis e deuses ctónicos, negra, e a vítima sacrificada era completamente queimada, não sendo permitido a nenhum homem vivo comer-lhe um pedaço; o tipo dos altares olímpicos era o templo clássico, acima da terra e às vezes numa elevação; para os heróis e deuses ctóni cos, uma fogueira baixa, um antro subterrâneo ou um áduton, representando talvez um túmulo; os sacrifícios destinados aos Olímpicos eram efectuados nas manhãs ensolaradas, ao contrário dos prestados aos heróis e deuses ctónicos, que se realizavam à tardinha ou no meio da noite).

Todos esses factos salientam o valor religioso da «morte» heróica e dos despojos dos heróis. Ao falecer, o herói torna-se um génio tutelar que protege a cidade contra as invasões, as epidemias e todas as espécies de flagelos. Em Maratona, viu-se Teseu combater à frente dos atenienses (Plutarco, Teseu, 35, 5; ver outros exemplos em Brelich, pp. 91 s.). Mas o herói goza também de uma «imortalidades de ordem espiritual, e precisamente da glória, a perenidade do seu nome. Torna-se assim um modelo exemplar para todos aqueles que se esforçam por superar a condição efémera do mortal, por salvar os seus nomes do esquecimento definitivo, por sobreviver na memória dos homens. A heroicização das personagens reais os reis de Esparta, os combatentes mortos em Maratona ou em Plateia, os tiranicidas explica-se pelos seus feitos excepcionais, que os separam do resto dos mortais e os «projectam» na categoria dos heróis.

A Grécia clássica, e sobretudo a época helenística transmitiram-nos uma visão <sublime dos heróis. Na realidade, a sua natureza é excepcional e ambi- valente, até mesmo aberrante. Os heróis revelam-se ao mesmo tempo «bons» e «maus», e acumulam atributos contraditórios. São invulneráveis (ex:, Aquiles) e, apesar disso, acabam por ser abatidos; distinguem-se pela sua força e beleza, mas também pelos traços monstruosos (porte gigantesco Héracles, Aquiles, Orestes, Pélope mas também muito inferior à média), são teriomorfos (ex., Licaon, o «lobo») ou susceptíveis de se metamorfosear em animais. São Andróginos (Cécrope), ou mudam de sexo (Tirésias), ou vestem-se de mulher (Hércules). Além disso, os heróis são caracterizados por numerosas anomalias (acefalia ou policefalia); Héracles é dotado de três filas de dentes); são principalmente coxos, estrábicos ou cegos. Muitas vezes, os heróis são vitimados pela loucura (Orestes, Belerofonte, e inclusive o excepcional Héracles, ao massacrar os filhos que tivera com Mégara). Quanto ao seu comportamento sexual, é excessivo ou aberrante: Héracles fecunda numa só noite as cinquenta filhas de Téspios; Teseu é famoso pelos seus numerosos esturpos (Helena, Ariana etc.), Aquiles rapta Estratonice. Os heróis cometem incesto com as próprias filhas ou mães, e massacram por inveja, por cólera, ou muitas vezes sem nenhum motivo; eliminam até os seus pais e mães, ou parentes.

Todos esses traços ambivalentes e monstruosos, esses comportamentos aberrantes, evocam a fluidez do tempo das corigens», quando o mundo dos homens» ainda não havia sido criado. Nessa época primordial, as irregularidades e os abusos de toda a espécie (isto é, tudo aquilo que será denunciado mais tarde como monstruosidade, pecado crime) suscitam, directa ou indirectamen- te, a obra criadora. No entanto, é em consequência das suas criações - instituições, leis, técnicas, artes que surge o «mundo dos homens», onde as infrac- ções e os excessos serão proibidos. Depois dos heróis, no «mundo dos homens>>, o tempo criador, o illud tempus dos mitos, está definitivamente encerrado.

O excesso dos heróis não conhece limites. Eles ousam violentar até as deusas (Orion e Actéon investem contra Artemis, Ixfon ataca Hera etc.) e não hesitam diante do sacrilégio (Ajax agride Cassandra perto do altar de Atena, Aquiles abate Troilo no interior do tempo de Apolo). Essas ofensas e sacrilegios denotam uma húbris desmedida, traço específico da natureza heróica (cf. § 87) Os heróis enfrentam os deuses como se fossem iguais a eles, mas a sua hubris é sempre, e cruelmente, punida pelos Olímpicos. Apenas Héracles manifesta impunemente a sua húbris (quando ameaça com as suas armas os deuses Hélio e Oceano). Mas Héracles é o herói perfeito, o «herói-deus», como o denomina Pindaro (Weméias, 111, 22). Na verdade, é o único de quem não se conhecem túmulo ou relíquias; ele conquista a imortalidade através do seu suicídio-apoteose sobre a fogueira, é adoptado por Hera e torna-se deus, instalando-se no Olimpo entre as outras divindades. Poder se ia dizer que Héracles obteve a sua condição após uma série de provas iniciatórias de que saiu vitorioso; contrariamente a Gilgamesh (cf. vol. 1, § 23), e a certos heróis gregos, que, apesar da sua hubris ilimitada, falharam nos seus esforços de «imortalização».

Figuras comparáveis aos heróis gregos são igualmente encontradas noutras religiões. Mas foi exclusivamente na Grécia que a estrutura religiosa do herói conheceu uma expressão tão perfeita; apenas na Grécia os heróis desfrutaram um prestígio religioso considerável, alimentaram a imaginação e a reflexão, suscitaram a criatividade literária e artística.





Solitude - Mário Ferreira dos Santos

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